segunda-feira, 20 de março de 2017

Modelo de uma meta-Avaliação de Políticas Públicas


MESTRADO EM GESTÃO E POLITICAS PÚBLICAS



Meta-avaliação da Impacto Macroeconómico do QCA III. Avaliação Intercalar (Actualização)


2014/2016



Docente: Dr. Ricardo Ramos Pinto
Discente: José Veloso da Costa (218814)



Índice



Introdução


O presente trabalho se enquadra na avaliação da Unidade Curricular de Avaliação de Políticas Públicas do 2º ano do Mestrado de Gestão e Políticas Públicas do ISCSP, pelo que nos propomos a fazer uma análise do Impacto Macroeconómico do QCA III. Avaliação Intercalar (Actualização).

O Quadro Comunitário de Apoios ou simplesmente QCA são documentos elaborados pelos Estados Membros estruturados por Eixos (estratégicos) correspondentes aos objectivos gerais, que, por sua vez, integram vários Programas Operacionais (sectoriais ou regionais), com objectivos específicos, desagregados em Sub-programas, com várias medidas e em que cada uma integra um conjunto de acções.

Portugal tem vindo a beneficiar de Fundos Estruturais[1] de origem comunitária, desde a adesão à Comunidade Europeia, em 1986, com o objectivo de estimular a convergência real da economia portuguesa para os níveis médios europeus. Desde 1989 que o apoio comunitário se enquadra nos “Quadros Comunitários de Apoio” (QCA). O primeiro, o QCA I, decorreu entre 1989 e 1993, seguindo-se o QCA II, entre 1994 e 1999, e o QCA III, com início em 2000 e terminando em 2006.

A avaliação de politicas públicas, segundo Rocha (2010), visa a especificação do que deve ser avaliado , a medida dos dados e a analise da informação. Para o caso desse trabalho, faremos uma meta-avaliação que consiste numa avaliação à qualidade do estudo de uma avaliação já feita.

Em termos de metodologia, a análise cingir-se-á numa meta-avaliação da avaliação supracitada, tendo como base o documento e leituras exploratórias e análise bibliográfica, esperando fazer uma analise critica aos métodos usados na avaliação por formas a melhorar continuamente a avaliação e enriquecer o conhecimento gerado.

1 - Caracterização da Politica ou Programa


1.1 Objetivo:


O Quadro Comunitário de Apoio III (2000-2006) afirma-se como instrumento fundamental para o desenvolvimento do país, assumindo prioridades de intervenção em articulação com o Plano Nacional de Emprego.
Na abordagem deste tema, apresentam-se os domínios prioritários de intervenção, as prioridades ao nível do desenvolvimento dos Recursos Humanos e os Programas Operacionais que suportam os objetivos estratégicos.
O Quadro Comunitário de Apoio III (2000-2006) assume 3 domínios prioritários de intervenção:
·         A valorização do potencial humano, uma vez que o ponto fraco da economia portuguesa reside no baixo nível de produtividade;
·         O apoio à actividade produtiva, pretendendo-se alcançar melhores níveis de competitividade através do apoio às estratégias empresariais, ao progresso científico e inovação tecnológica;
·         A estruturação do território, como elemento de coesão interna e de integração de Portugal na economia global e europeia.

1.2 Metas:

  As metas não estão bem definidas, mas após as leituras da avaliação depreendemos que sejam as supracitadas.

1.3 Recursos:


Trata-se de uma avaliação de impacto, logo os recursos não são realçados.

2 - Caracterização da Metodologia de Avaliação


2.1 Objectivo

O objectivo é alheio à equipa de Avaliação, logo o Departamento de Prospectiva e Planeamento do Ministério das Finanças visa obter informações e produzir conhecimento para correcção de futuros programas e políticas públicas, assim como a prestação de contas (Accountability).

2.2 Enfoque


Podemos concluir que é uma avaliação de processo, impacto e de metas e resultados.

2.3 Critérios

O critério utilizado é o da Relevância, pois se prende com a necessidade de se aferir a pertinência da política para a comunidade, ou ainda, em que medida as políticas são consistentes com as necessidades económicas dos cidadãos de Portugal.

É usado o critério da Eficácia, pois a avaliação tenta medir a materialização dos objectivos operacionais e específicos do programa.

A Sustentabilidade da economia, visto que a politica tem como objetivo de estimular a convergência real da economia portuguesa.

Também foi usado o critério da Eficiência, pois são avaliados a relação entre os recursos investidos (Fundos Estruturais) e as realizações do programa.

O critério do Impacto, mede o impacto sobre o PIB, emprego, produtividade, investimento no capital humano e despesa.

De igual modo, foi avaliada a Coerência Interna, ou seja, há a preocupação se as actividades e os resultados servirão para alcançar os objectivos, bem como a Coerência externa quando se analisou a eventual existência de convergência entre os objectivos e outras políticas.

Por se tratar de um programa financiado pelos Fundos Estruturais, o critério do valor acrescentado comunitário também foi usado, na medida em que a avaliação procura medir os benefícios do programa na economia portuguesa e faz comparações com períodos anteriores.

2.4 Indicadores

Foram usados os indicadores seguintes:
Indicadores de eficácia;
Indicadores de resultado;
Indicadores de impacto e de resultado;
Indicadores de realização; Indicadores orçamentais;
Indicadores de qualidade.

2.5 Padrões

A avaliação do impacto do Quadro Comunitário de Apoios III(QCA III) se enquadra no apoios comunitários e é comparável ao QCA I(1989-1993), QCA II(1994-1999).

2.6 Recursos disponíveis/

Necessários

Os recursos não são relevantes para a avaliação em referência.

2.7 Constituição da equipa

A equipa de avaliação é externa (independente), porém subordinadas ao Departamento de Prospectiva e Planeamento do Ministério das Finanças e a Comissão Europeia.

Esta avaliação teve como autores Ana Maria Dias e Emídio Lopes, e contou com a colaboração dos Profs. Miguel St. Aubyn e Álvaro Pina, do ISEG. Baseou-se no modelo macroeconómico (HERPOR, versão 2) desenvolvido no Departamento de Prospectiva e Planeamento (DPP).


2.8 Recolha de dados


De referir que foi usada uma estratégia quasi-experimental, tendo amostra sido feita por o cenário de referência, ou “cenário com QCA”, que corresponde à trajectória observada da economia portuguesa até 2004, e a uma projecção para o período 2005-2050 com base no modelo HERPOR. O grupo de controlo ou o “cenário sem QCA”, correspondente à trajectória hipotética da economia se não tivesse ocorrido o QCA.

Os dados são referentes a economia global, baseando-se em investimento em infra-estruturas, os apoios ao investimento privado e o investimento em capital humano, no qual se incluíram as despesas em I&D).


Conclusão
Cada vez mais frequente no campo das políticas públicas, as meta-avaliações ou avaliações das avaliações têm como finalidade de suprir a necessidade de se analisar a qualidade, rigor metodológico e o emprego dos critérios aceitáveis para cada avaliação de planos, programas e projectos públicos ou comunitários. As mesmas não servem somente para detectar lacunas, verificar avaliações questionáveis, mas ampliar o conhecimento sobre o estudo em si, assim como corrigir a política em questão.

Concluímos com a nossa meta-avaliação que a Avaliação do Impacto Macroeconómico do QCA III. Avaliação Intercalar (Actualização) teve um enfoque macroeconómico e econométrico, conforme determinado pela União Europeia, ou seja, há a clara evidência de que a prioridade foi justificar investimentos e gastos de recursos, aumento do PIB, produtividade no âmbito dos fundos estruturais.

Essa tendência para priorizar questões económicas nem sempre condiz com a realidade, pois o crescimento económico nem sempre é proporcional ao desenvolvimento económico e social.

Ficamos reticentes quanto a clareza dos dados recolhidos sobre o cenário de referência e o grupo de controlo, porque acreditamos que fazer uma projecção da economia, ou seja, projectar o comportamento da economia portuguesa sem o QAC não nos fornece informações fidedignas sobre o curso que a mesma teria seguido.

Outra questão que nos preocupa nesta avaliação é referente a não inclusão da despesa privada, tendo em conta o peso que o sector privado desempenha na economia global.

Apesar das críticas e insuficiências da avaliação em análise, não podemos retirar o seu valor, porquanto a metodologia usada é definida pela entidade financiadora dos programas. À nós, coube apenas, estudar a metodologia e apontar “faltas” ou items que deveriam ser levados em consideração em avaliações desta natureza, visando obter uma leitura mais aproximada à realidade económica e social dos beneficiários.

Referências:


·           Impacto Macroeconómico do QCA III. Avaliação Intercalar (Atualização)

·           Material de apoio da Unidade Curricular de Avaliação de Politicas Públicas, ISCSP.

·           ROCHA, J. (2010), Gestão e processo politico e politicas públicas, Lisboa, Escolar editora.





[1] Os Fundos Estruturais e o Fundo de Coesão são os instrumentos financeiros da política regional da União Europeia, que tem por objetivo reduzir as diferenças de desenvolvimento entre as regiões e os Estados-Membros, participando, assim, plenamente, no objetivo de coesão económica, social e territorial.

Sem comentários:

Enviar um comentário