segunda-feira, 20 de março de 2017

Análise do Conflito Russo-Georgiano.


INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS SOCIAIS E POLITICAS
UNIVERSIDADE TÉCNICA DE LISBOA


Modulo: Geopolítica e Geoestratégia
Docente: Dr. António Marques Bessa


Por: José Veloso da Costa



1 - METODOLOGIA

O nosso percurso metodológico teve inicio com a escolha da pergunta Quais as motivações geopolíticas do conflito russo-georgiano? A mesma surgiu nas aulas de Geopolítica e Geoestratégia do Professor Doutor António M. Bessa.
Para responder a nossa pergunta de partida optamos pelos método de abordagem hipotético – dedutivo e o método de procedimento histórico que nos permitiu reunir o maior número de publicações acerca do tema.
Servimo-nos também da técnica de pesquisa documental que consiste em consultar as fontes primárias como (bibliotecas e arquivos) e as fontes secundárias (revistas, jornais, publicações, etc.) que foram uma mais valia para agrupar o maior número de dados referentes ao tema. Recorremos de igual modo a artigos publicados na internet no intuito de enriquecer a nossa exposição.

2 - PERGUNTA DE PARTIDA

QUAIS AS MOTIVAÇÕES GEOPOLÍTICAS DO CONFLITO RUSSO-GEORGIANO?


- O CÁUCASO

O Cáucaso é uma extensa cordilheira da Europa Central e da Ásia Ocidental que vai do Mar Negro ao Mar Cáspio. Esta região foi zona de passagem de caravanas e missionários, e de confrontos militares entre persas, mongóis, otomanos e russos.

A penetração russa no Cáucaso começou no século XVI e após a anexação da Geórgia (1801), e a guerra contra a Pérsia e o Império Otomano (18051829), os russos conquistam aquela região.

O território caucasiano foi entre 1942 e 1943 teatro de uma fracassada ofensiva alemã, visando o controlo dos campos petrolíferos de Baku. Até ao desmantelamento da União Soviética (URSS), os países do Cáucaso seguiram a história da URSS.

O desaparecimento da URSS permitiu a criação de três novos Estados: Arménia, Geórgia e Azerbaijão. As três novas repúblicas possuem graves dificuldades económicas e são vítimas de múltiplos conflitos: a Arménia e o Azerbaijão disputam o controlo do Karabak (região do Azerbaijão, reclamada e ocupada pela Arménia) enquanto que a Geórgia enfrenta o separatismo na Abkházia e na Ossétia do Sul.

Quanto a recursos naturais, o Cáucaso possui jazidas de metais não–ferrosos e reservas de petróleo.

Imagem:Caucasus-ethnic en.svg

- AS PREMISSAS

A independência da Geórgia trouxe desequilíbrios àquele país visto que – apesar das suas imperfeições – a URSS garantia às suas regiões uma relativa eficiência e estabilidade. A Geórgia beneficiava do acesso ao mercado soviético e das transferências orçamentais da URSS e viu-se repentinamente privada de ambos. Simultaneamente, eclodem na região conflitos internos protagonizados por movimentos secessionistas na Ossétia do Sul e na Abkházia, mergulhando o país na instabilidade.

Este conjunto de circunstâncias faz a Geórgia emergir na arena internacional como um Estado fraco, o que nos leva à seguinte questão: Porque razão um país pequeno e mergulhado em problemas graves tornou-se motivo de disputa internacional?

Apesar de concentrar inúmeros problemas graves, a Geórgia, como afirma João Sobral[1] “… possui as maiores reservas de petróleo e gás natural inexploradas do mundo, estando, nesse contexto, numa posição estratégica privilegiada para estabelecer a ligação entre diferentes regiões”.

A Geórgia é importante, ainda segundo o mesmo autor, “por razões geoestratégicas e de segurança internacional. Como Estado fraco, apresenta forte potencial de acolhimento de actividades terroristas, razão pela qual o país e a região do Cáucaso…ganharam centralidade na política internacional[2].

Resumindo, João Sobral afirma que a Geórgia se tornou preponderante no sistema internacional porque:

a)    Estados Unidos não pretendem deixar que o Cáucaso passe para a esfera de influência da Rússia;

b) À União Europeia e aos Estados Unidos convém que o país consolide a democracia e se assuma como um interlocutor credível na negociação internacional;

c) É um Estado fraco, logo constitui um efectivo acolhedor de instabilidade e segurança internacional;

d) Posiciona-se numa importante rota de passagem de reservas energéticas do Mar Cáspio para o Ocidente;
           
e) Ganhou centralidade após o 11 de Setembro de 2001, que tornou prioridade dos Estados combater as ameaças de novo tipo que caracterizam o hodierno sistema internacional;

f) Situa-se numa região onde se tenciona conter a expansão do islamismo radical para o norte; [3]
           
A Rússia procura conservar a sua influência naquela região por conceber o Cáucaso como um “cinturão de segurança” em redor das suas fronteiras; os EUA pretendem garantir o acesso à energia, afastar a possibilidade de uma potência rival ganhar influência na Geórgia, prevenir a disseminação de armas de destruição em massa e derrotar o terrorismo internacional; a União Europeia quer criar condições propícias à estabilidade no Cáucaso do Sul, pois o seu alargamento à Bulgária e à Roménia colocou as suas fronteiras perto da Geórgia.

Tendo-se tornado foco de interesse das políticas energéticas internacionais e fruto da sua localização geográfica na intercepção de esferas de influência, a política externa georgiana é condicionada pela sucessão de acontecimentos e dinâmicas no sistema internacional.

Concluindo, a Geórgia é alvo de várias pressões externas, motivadas por razões de interesse nacional de outros Estados, e de interesses colectivos, por tendências geradas no sistema internacional e por fluxos que se manifestam naquela zona.

 - A ORIGEM DO CONFLITO

As tensões entre os dois países começaram antes do colapso da União Soviética, quando o nacionalismo na Geórgia se torna uma poderosa força política. Desde Abril de 1989 – militares soviéticos usaram a força para reprimir manifestações pró-independência, matando 19 pessoas – Moscovo tem sido vista por muitos georgianos como inimiga da independência da Geórgia.

Portanto, as relações entre a Geórgia e a Rússia são complicadas desde o desmembramento da URSS, devido ao apoio russo às regiões da Geórgia não controladas pelo Governo Central (Ossétia do Sul e Abkházia) e ao incumprimento da Rússia da retirada das bases militares que mantêm na Geórgia desde o tempo da URSS.

Depois da queda da União Soviética, a postura nacionalista da Geórgia trouxe problemas na região norte da sua fronteira, habitada pelos ossetas, um grupo étnico distinto natural das planícies russas, apoiado por Moscovo. A Ossétia do Sul fica do lado georgiano da fronteira, enquanto a Ossétia do Norte fica em território russo. Apesar disso, os laços entre as duas regiões são fortes. A Geórgia proibiu o partido político da Ossétia do Sul, o que levou os ossetas a realizarem as suas próprias eleições – pleito considerado ilegal pela Geórgia.

Os conflitos entre os separatistas e as forças georgianas começaram nesta época, mas o Exército da Geórgia não exterminou os rebeldes ossetas por medo de uma intervenção russa. A Ossétia do Sul proclamou a sua independência em 1992, mas a sua autonomia não foi reconhecida pela comunidade internacional. A região quer pertencer à Federação Russa.

Por outro lado, a Geórgia constitui um local de acolhimento para os rebeldes da Chechénia (região onde a Rússia tenta submeter pela força os nacionalistas chechenos que reclamam independência da Federação Russa).

A Rússia optou por uma estratégia de interferência nos assuntos internos da Geórgia e esta, insatisfeita, aproximou-se do Ocidente e adoptou uma postura defensiva em relação à Rússia.
A Geórgia foi uma das fundadoras do grupo dos países GUAM (Geórgia, Ucrânia, Azerbaijão e Moldávia), criado como parte dos esforços para contrapor a influência da Rússia na região, participou dos esforços apoiados pelo Ocidente para criar um corredor de energia do Cáucaso ao Mar Cáspio, e desde a ascensão de Mikhail Saakashvili ao poder, as relações ficaram mais tensas ainda.

A Rússia também está insatisfeita com a ambição da Geórgia de integrar a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), e acusou a Geórgia de concentrar forças em torno das regiões separatistas, onde estão estacionadas tropas de paz russas.

O auge das tensões ocorreu em 7 de Agosto de 2008, quando as tropas da Geórgia cercaram a capital da Ossétia do Sul, Tskhinvali, depois de uma noite de intensos combates na região, poucas horas depois de acertado um cessar-fogo em conversações mediadas pela Rússia.

O embaixador russo na ONU, Vitaliy Churkin, descreveu a ofensiva da Geórgia como “traição”. O primeiro-ministro russo Vladimir Putin, afirmou que a Rússia iria reagir às “acções agressivas” da Geórgia.

O Presidente da Rússia, Dmitry Medvedev, por sua vez, prometeu defender os cidadãos russos na Ossétia do Sul, em meio a relatos de mortes de integrantes de uma força de paz russa na Ossétia do Sul: “Preciso proteger a vida e a dignidade dos cidadãos russos, onde quer que eles estejam. Nós não vamos permitir que essas mortes fiquem impunes. Os responsáveis vão receber um castigo merecido”.
Qual foi a resposta da Rússia ao ataque da Geórgia à Ossétia do Sul? O próximo título abordará essa questão.
 - A CONTRA-OFENSIVA RUSSA
A Geórgia acusa a Rússia de praticar uma ofensiva militar terrestre e aérea contra o seu território como retaliação aos conflitos entre tropas georgianas e separatistas na região de Ossétia do Sul, afirmam agências internacionais… um oficial de segurança nacional do governo da Geórgia que disse que os dois países “estão muito perto” de uma guerra e que o país estaria sob ataque…há claramente uma movimentação militar na Ossétia do Sul, mas não é possível falar em número de tropas[4].
           
Estas notícias, veiculadas pela mídia internacional algumas horas após o início dos combates na Ossétia do Sul, confirmaram os temores de uma nova guerra no Cáucaso: Cerca de 150 tanques e outros veículos militares russos entraram na capital da Ossétia da Sul horas depois do governo da Geórgia anunciar que havia tomado Tskhinvali. O envio dos tanques russos ocorreu depois das forças georgianas bombardearem a cidade durante a noite. Os combates começaram apesar do cessar-fogo acordado em conversações mediadas pela Rússia. Cada lado culpou o outro pela quebra do cessar-fogo.

Segundo o ministro da Defesa russo, Sergei Lavrov, mais de 10 integrantes da força de paz foram mortos e 30 foram feridos na ofensiva da Geórgia. Lavrov disse que se enviaram os reforços à Ossétia do Sul "para ajudar a acabar com o banho de sangue".

Vladimir Putin defendeu o direito da Rússia de intervir para proteger cidadãos russos na província e acusou a Geórgia de "genocídio" e "crimes contra o seu próprio povo" na luta contra rebeldes separatistas.

A Rússia abriu uma segunda frente contra o Exército georgiano na Abkházia, atacou alvos militares na cidade de Gori, fora da província rebelde, e tomou Tskhinvali e Gori (onde as tropas da Geórgia se concentraram para tentar tomar a região separatista) sob seu poder.

Segundo Putin "Para a Rússia, do ponto de vista legal, as nossas acções são absolutamente justificáveis e legítimas…são necessárias, em linha com acordos internacionais que nos obrigam… proteger o outro lado se um dos lados do conflito desrespeitar o cessar-fogo…"[5]

O conflito, mediado pelo presidente da França, Nicolas Sarkozy, cujo país ocupa a Presidência rotativa da União Européia, conheceu desenvolvimentos após a Rússia e a Geórgia aprovarem um plano apresentado pelo presidente francês para pôr fim aos combates entre os dois países, que prevê o abandono dos combates por ambas as partes e remanejar todas as tropas para as posições ocupadas antes do conflito.

Sarkozy propôs também a realização de uma reunião com representantes internacionais para decidir o status da Ossétia do Sul e da Abkházia.

O conflito culminou com a assinatura entre a Rússia e a Geórgia de um plano de paz de seis pontos proposto por Nicolas Sarkozy e pelo anúncio do prazo para a retirada das tropas no dia 18 de Agosto de 2008, feito pelo presidente Medvedev.

A aventura da Geórgia causou àquela nação a perda das regiões separatistas da Ossétia do Sul e da Abkházia – a Federação Russa e posteriormente a Nicarágua reconheceram a independência das duas regiões – e os custos para o seu exército e soldados, bem como para as suas infra-estruturas sociais, foram incalculáveis.
           
Segundo estimativas da ONU, o conflito na Geórgia deixou 100 mil refugiados; a ACNUR (agência de refugiados da ONU) afirma que cerca de 30 mil cruzaram a fronteira com a Rússia, onde estão em abrigos temporários; 12 mil pessoas estão deslocadas dentro da Ossétia do Sul e 56 mil fugiram das áreas de conflito para outras regiões da Geórgia.
           
Os cinco dias de disputa entre a Rússia e a Geórgia foram difíceis para os jornalistas que cobriam o conflito: pelo menos três deles morreram e vários ficaram feridos. A comunidade internacional, particularmente os Estados Unidos e a União Europeia, criticaram a Rússia pela “desproporcionalidade da resposta” a invasão da Geórgia à Ossétia do Sul, e as relações entre a OTAN e a Rússia esfriaram.

Cronologia do Conflito Russo – Georgiano na Ossétia do Sul:
Data
Acontecimento
07 de Agosto de 2008
Tropas da Geórgia cercam capital da Ossétia do Sul
Geórgia acusa Rússia de invadir seu território
Tanques russos entram em região rebelde da Geórgia
Conselho de Segurança discute crise na Geórgia
08 de Agosto de 2008
Rússia e Geórgia acusam-se por crimes em conflito
Rússia ataca cidade da Geórgia fora da Ossétia do Sul
10 de Agosto de 2008
Geórgia declara cessar-fogo e propõe diálogo com Rússia
11 de Agosto de 2008
ONU: Conflitos na Geórgia deixam 100 mil refugiados
George W. Bush: “Acção da Rússia é inaceitável no século 21”
12 de Agosto de 2008
Rússia e Geórgia aceitam trégua proposta por França
Sarah Palin não descarta guerra com a Rússia por causa da Geórgia
15 de Agosto de 2008
Ossétia não voltará à Geórgia, diz ministro russo
16 de Agosto de 2008
Presidente russo assina acordo de paz com a Geórgia
17 de Agosto de 2008
Medvedev anuncia prazo para início de retirada das tropas
25 de Agosto de 2008
Parlamento russo apoia independência da Ossétia e Abkházia
26 de Agosto de 2008
Rússia reconhece independência da Ossétia e Abkházia
27 de Agosto de 2008
Ocidente condena reconhecimento russo no Cáucaso
01 de Setembro de 2008
Presidente russo expõe princípios de nova política externa
09 de Setembro de 2008
Rússia anuncia que irá manter 7 mil homens na Ossétia do Sul e na Abkházia
17 de Setembro de 2008
Rússia assina pacto com Abkházia e Ossétia do Sul
19 de Setembro de 2008
Rússia descarta guerra contra os Estados Unidos
           
           

- O “DAY AFTER” DO CONFLITO NA OSSÉTIA DO SUL


O conflito na Ossétia do sul tem gerado por parte de diversos especialistas em política internacional variadas análises. Para Paul Reynolds, “Saakashvili não contou com a reacção militar da Rússia e subestimou a determinação russa. O resultado desse erro é que o presidente Saakashvili pode perder – como acabou por perder – qualquer esperança de voltar a impor o poder da Geórgia sobre o enclave”[6].

Reynolds diz que a probabilidade da Rússia reagir sempre foi alta. “A Rússia já mantinha tropas na região, liderando a força de paz estabelecida em 1992 por um acordo entre Boris Yeltsin e Edward Shevardnadze (então presidentes russo e georgiano, respectivamente). A Rússia tem apoiado os separatistas da Ossétia do Sul e entregou passaportes russos à população, o que dá ao país argumentos para alegar que defende os seus cidadãos”.

A Rússia não gostou quando o Ocidente apoiou a separação do Kosovo da Sérvia e advertiu para consequências. Esta pode ser uma delas. A Rússia não argumenta que, nesta crise, está a fazer o que Ocidente fez em Kosovo... mas todo mundo sabe que o Kosovo não está longe dos seus pensamentos [7].

Paul Reynolds conclui que o ocidente ainda não sabe lidar com a Rússia. “Alguns dos argumentos da época da Guerra-fria estão ressurgindo, sem que haja consenso sobre o que deve ser feito… neo-conservadores…. Vêem a Geórgia…como defensores da liberdade que devem ser apoiados… argumentam que a Rússia será obrigada a mudar… Contra isto há o argumento de que é “absurdo” tratar a Rússia como a União Soviética, e que a Geórgia cometeu um erro de cálculo na Ossétia do Sul, pelo qual está a pagar”[8].
           
Para James Rodgers, a Rússia vê vitória no enfraquecimento da Geórgia e o anúncio do presidente Dmitry Medvedev em que determina o fim do conflito com a Geórgia pode não significar o fim imediato da tensão entre os dois países. Moscovo sempre deixou claro que só encerraria a ofensiva nos seus próprios termos, o que se traduz, neste caso, num enfraquecimento da Geórgia, pelo menos na área militar[9].

Para este autor, Moscovo tinha dois objectivos, um militar e um político: “o primeiro objectivo era destruir a capacidade militar da Geórgia, que foi alcançado…o segundo… é o enfraquecimento do presidente georgiano Mikhail Saakashvili – ou mesmo sua retirada do poder. O ministro do Exterior da Rússia, Sergei Lavrov, negou que o país tenha qualquer intenção de afastar Saakashvili, mas acrescentou que « seria melhor se ele saísse»”.

O governo russo acredita que pode ditar as regras. Sente-se fortalecido. Espera ter deixado Saakashvili… mais fraco[10].
           
Rogério Simões pensa que o conflito na região do Cáucaso nos leva de volta a alguns dos maiores dilemas da geopolítica mundial, e conclui que “A Rússia acaba de deixar claro que a sua opinião merece ser sempre levada em consideração. Cuidadosamente[11].

Armando Esteves Pereira acredita que o Kremlin não é o único responsável pelo actual conflito. “O Ocidente provocou diversas vezes o orgulho russo nos anos que se seguiram ao descalabro do império soviético. Repúblicas da antiga URSS como a Geórgia e a Ucrânia querem entrar na NATO e na UE e os antigos aliados do Pacto de Varsóvia são agora os principais aliados dos EUA e estão ávidos de receber os escudos anti-mísseis. E a irresponsabilidade europeia com a independência do Kosovo abriu uma caixa de Pandora muito perigosa”[12].

Paul Reynolds, já citado acima, afirma que a Criméia pode ser um teste para as intenções russas. “A operação militar russa contra a Geórgia e o seu reconhecimento das províncias separatistas da Ossétia do Sul e da Abkházia provocaram temores… sobre a possibilidade de uma nova Guerra-fria…”       [13]

Um bom teste das intenções russas poderia ocorrer na Criméia (território que se projecta no Mar Negro e é parte da Ucrânia) … A Criméia foi entregue à Ucrânia pela República Soviética por Nikita Krutshev em 1954. No entanto, moradores de etnia russa ainda formam a maioria de seus quase 2 milhões de habitantes.

A Criméia também abriga a Frota do Mar Negro da Marinha russa em Sebastopol, porto sobre o qual a Rússia tem um contrato de arrendamento até 2017. Sebastopol tem ressonância na história russa, desde o cerco de britânicos e franceses em 1854-55. Recentemente, houve pequenas manifestações lá pedindo que a Criméia seja devolvida à Rússia…

Há, portanto, potencial para problemas. Se a Rússia começasse a agitar em nome de seus "irmãos" na Criméia e argumentasse que deve ter Sebastopol, a Criméia certamente poderia fornecer um teste das ambições russas e possivelmente um ponto de partida.

Esse temor em relação às acções futuras da Rússia explica parcialmente as preocupações do Ocidente.[14]
           
Por último, para o ex-embaixador britânico na Jugoslávia, Sir Ivor Roberts, "Moscovo agiu brutalmente na Geórgia. Mas quando os Estados Unidos e a Grã-Bretanha apoiaram a independência do Kosovo sem a aprovação das Nações Unidas, abriram caminho para a 'defesa' russa da Ossétia do Sul e para a actual humilhação do Ocidente"[15].

Vistos alguns pontos de vista de renomados especialistas das Relações internacionais, colocamos a seguinte questão: quem venceu e/ou perdeu o conflito?
           




           
4 – TESE

-          VENCEDORES E VENCIDOS

 Paul Reynolds, no seu artigo intitulado “Quem ganha e quem perde na Geórgia”[16], defende que o conflito na Geórgia “mostrou alguns claros vencedores e perdedores e que é preciso um novo começo nas relações entre a Rússia e as potências ocidentais”.

Por concordarmos com alguns dos seus princípios, passaremos a citá-los.

Para este autor, a Rússia sai claramente a vencer no conflito com a Geórgia pois O país emergiu mais forte, mostrou que é capaz de impor a sua vontade sobre a Ossétia do Sul e mandou um recado claro sobre a sua disposição de reforçar a sua posição no mundo.

O país aceitou um cessar-fogo depois de conquistar o seu propósito – controlar a Ossétia do Sul…O ministro do Exterior russo também disse que as tropas georgianas não vão "nunca mais" participar das forças de paz para a região, algo que havia sido previsto num acordo em 1992”.

Outro vencedor, na óptica do autor, é “o primeiro-ministro Vladimir Putin – Ele confirmou a sua força. Putin deu demonstrações de força durante todo o processo, especialmente quando fez acusações de que as potências ocidentais usam dois pesos e duas medidas em relação à região e que ignoram o número de mortos e feridos provocados pela tentativa de tomada de controlo realizada pela Geórgia.
           
Um outro vencedor, não citado pelo autor, mas por nós referido, é o presidente russo Dmitry Medvedev que se mostrou irredutível na defesa dos interesses dos cidadãos russos e indiferente aos protestos do Ocidente ao atacar e manter tropas russas em territórios georgianos fora da zona de conflito. Ratificou a decisão da DUMA (Câmara Baixa do Parlamento russo) que solicitou o reconhecimento da independência das regiões separatistas Georgianas da Ossétia do Sul e da Abkházia, alheio às solicitações dos Estados Unidos e da União Europeia para que não o fizesse e contrariando previsões de analistas que afirmavam que o governo iria usar a decisão como moeda de troca nas negociações com o Ocidente e para testar a opinião internacional de maneira mais aprofundada.

Medvedev enunciou aquilo que designamos os “cinco mandamentos” da nova política externa russa, i.e., cinco novos princípios que, segundo ele, passarão a guiar a política externa russa, na sequência do conflito com a Geórgia (abordamos posteriormente), nomeadamente: Legislação internacional; Mundo multipolar; Não isolamento; Protecção aos cidadãos; e Esfera de influência[17].

Paul Reynolds chama ainda de vencedores a Ossétia do Sul – esqueceu-se da Abkházia, que, não participando neste conflito, acaba por ver reconhecida a sua independência – e a França e a Alemanha, que acabam por justificar a sua posição de cautela em relação à entrada da Geórgia na OTAN.
           
Como perdedores o autor cita os mortos e os feridos, obviamente; o presidente da Geórgia, Saakashvili, que sai severamente punido pela sua ingenuidade política e por não ter consciência real do seu poder, bem como os Estados Unidos em particular – com cuja ajuda a Geórgia contou, mas acabou por não a ter – e o Ocidente em geral.
           
Como expusemos anteriormente, o Presidente da Rússia, Dmitry Medvedev, enunciou “cinco mandamentos” que doravante passarão a guiar a nova política externa russa:

Legislação internacional

"A Rússia reconhece a primazia dos princípios básicos da legislação internacional, que definem as relações entre nações civilizadas. No marco deste conceito de legislação internacional, é que desenvolveremos as nossas relações com os outros Estados."

Mundo multipolar

"O mundo deve ser multipolar. A dominação por um só país é inaceitável. Não podemos aceitar uma ordem mundial em que as decisões são tomadas por apenas um país, mesmo que seja um país como os Estados Unidos. Este tipo de mundo é instável e marcado por conflitos."

3º Não isolamento

"A Rússia não quer conflitos com nenhum país. A Rússia não tem intenções de se isolar. Nós desenvolveremos, até o possível, relações amistosas com a Europa e os Estados Unidos, assim como com outros países do mundo."

4º Proteção aos cidadãos

"Nossa prioridade inquestionável é a protecção da vida e da dignidade de nossos cidadãos, onde quer que eles estejam. Nós guiaremos assim a nossa política externa. Também iremos proteger os interesses da nossa comunidade comercial no exterior. Deve ser claro para todos que quem agir de modo agressivo, terá a resposta."
           
5º Esfera de influência

"A Rússia, assim como outros países do mundo, tem interesses privilegiados em certas regiões. Nestas regiões, há países com quem nós temos, tradicionalmente, relações cordiais e históricas. Nós trabalharemos muito atentamente nestas regiões e desenvolveremos relações de amizade com estes Estados." [18]

Quando perguntado se estas regiões prioritárias são aquelas que fazem fronteira com a Rússia, Medvedev respondeu: "Certamente, essas regiões são prioritárias, mas não só elas."

Os novos princípios anunciados por Medvedev mostram uma Rússia nacionalista visando a prossecução dos seus interesses, mas também aberta para a cooperação com o mundo exterior em assuntos onde pode ser mais flexível, não sendo, portanto, tão rígidos e expansionistas como os objectivos de Joseph Estaline e seus sucessores.

Ao nosso ver, estes princípios que nortearam a política externa da Federação Russa treaduzem o seguinte:

O primeiro princípio soa encorajador, mas é paradoxal, na medida que contradiz claramente com o recente ataque russo à Geórgia. Entendemo-lo como significando que desde que não colida com os interesses russos, a legislação internacional será seguida pela Federação Russa.
           

Este princípio é um claro recado aos Estados Unidos e ao Ocidente de que a Rússia não aceitará a primazia destes actores na determinação da política mundial, e exigirá que os seus interesses sejam levados em conta.
O terceiro princípio, para nós, assemelha-se ao primeiro, ou seja, se os interesses russos estiverem salvaguardados, tudo estará bem, senão…não!
Destacamos a passagem "onde quer que eles estejam". Esta foi a justificativa para a Rússia entrar em guerra na Ossétia do Sul e contém o potencial para futuras intervenções, alegando a salvaguarda da integridade física e segurança dos cidadãos russos.
Este princípio complementa o primeiro e terceiro mandamentos, e nele a Rússia reclama a sua esfera de influência especialmente, mas não só, sobre os Estados fronteiriços. Haverá um potencial de novos conflitos caso estes interesses sejam ignorados.
Para concluir o recente conflito no Cáucaso traz à tona alguns dos maiores dilemas da geopolítica mundial, desde a publicação da Carta das Nações Unidas, em 1945. O documento, que criou o conceito de legislação internacional, estabeleceu direitos e deveres que não raro entram em choque, trazendo uma crise política ou um conflito armado.
A própria Carta da ONU provoca uma interpretação contraditória, uma vez que num dos seus artigos fala do "princípio da autodeterminação", que defende que um povo tem o direito de decidir como e por quem será governado – Princípio que alicerçou a onda de independências das colónias africanas e continua sendo citado por comunidades que querem ser donas do seu próprio destino – mas logo no artigo seguinte a mesma Carta defende a "integridade territorial" dos Estados membros contra o uso da força.

Seguindo o primeiro artigo, a Ossétia do Sul tem toda legitimidade em separar-se da Geórgia: Os ossetianos são uma etnia originária das planícies russas ao sul do Rio Don, têm identidade, cultura e uma língua própria, diferentes da dos georgianos, e estes são uma minoria na Ossétia do Sul, representando menos de um terço da população.
           
Porém, o segundo artigo dá à Geórgia o direito de restaurar a ordem interna no seu território, atacar os separatistas rebeldes e defender a integridade territorial do seu país. Com dois direitos que muitas vezes entram em conflito, prevalece o princípio defendido pelo lado mais forte, e o mais forte, nesse caso, foi a Rússia.
           
A história recente da Ossétia do Sul assemelha-se à do Kosovo. As duas regiões, com tradições culturais próprias, aproveitaram-se do colapso do bloco comunista europeu para buscar a independência e ambas se tornaram independentes na prática, sob a supervisão de tropas estrangeiras.

No caso do Kosovo, a independência, defendida pelos Estados Unidos, foi reconhecida por Washington. Já no caso da Ossétia do Sul, o governo americano defende a integridade territorial da Geórgia.
           
Aquando do reconhecimento do Kosovo independente, a Rússia, através do seu primeiro-ministro, Vladimir Putin, acusou o Ocidente de dois pesos e duas medidas, classificou a independência da província sérvia de "ilegal e imoral" e afirmou que ela teria implicações noutros casos de desejada autodeterminação, como a Abkházia e Ossétia do Sul, o que não durou muito para acontecer. O presidente da Geórgia, Mikhail Saakashvili, calculou mal, invadiu a Ossétia do Sul e foi pesadamente derrotado pela Rússia, que humilhou o exército georgiano e reconheceu aos ossétios do sul e abkházios a sua independência.

As causas imediatas do conflito têm origem nos eventos do dia 7 de Agosto. Intensos combates eclodiram na região da capital ossetiana, Tskhinvali, e surgiram relatos de que aviões de guerra georgianos bombardeavam a cidade. Em poucas horas, a Rússia lançou a sua própria operação de "aplicação da paz" em apoio, segundo Moscovo, a civis e soldados russos que actuavam na região como força de paz.

Mesmo sem saber se cada lado planeou a guerra ou apenas reagiu de maneira exagerada às circunstâncias, está claro que tanto a Rússia como a Geórgia estavam preparadas para uma escalada repentina de violência. O ataque georgiano a Tskhinvali e a resposta russa a ele foram rápidos e brutais, evidenciando o fracasso da diplomacia e do bom senso de ambos os lados nos meses que antecederam o conflito, precedido de tensões crescentes entre a Geórgia e Rússia.

O conflito russo-georgiano reanimou os receios de uma nova guerra-fria, e o orgulho, nacionalismo, rancor, bem como um endurecimento russo na sua delicada relação com os países ocidentais: O Parlamento russo aprovou por unanimidade, em sessão extraordinária, o reconhecimento oficial da independência das regiões separatistas da Abkházia e Ossétia do Sul, os 130 parlamentares da Câmara Alta e os 447 que compõem a Duma votaram a favor de uma moção que solicitou ao presidente Dmitry Medvedev o reconhecimento da independência das regiões, que a ratificou um dia depois, apesar da pressão da comunidade internacional, particularmente do Ocidente.

Que poderemos esperar? Provavelmente nada, ou seja, nada de especialmente trágico. O mais preocupante é o relançamento da corrida armamentista que tinha terminado após a implosão do Império Soviético.

O Ocidente, especialmente os Estados Unidos, protestou imenso a atitude da Rússia, condenando-a veementemente e considerando a acção da Rússia ' inaceitável no século 21', (George W. Bush), e afirmando que esta, com essa atitude, estaria “voltada ao isolamento e à irrelevância” (Condoleeza Rice), mas estas declarações não passaram disso, e o certo é que a Rússia manteve a sua posição e assinou um tratado de amizade com a Abkházia e com a Ossétia do Sul que estabelece relações diplomáticas com as duas regiões separatistas da Geórgia, passa a reconhecer a dupla cidadania de todos os cidadãos das duas regiões e inclui uma promessa de ajuda militar da Rússia. Os tratados dão também à Rússia o direito de construir e fazer obras em bases militares na Abkházia e na Ossétia do Sul, de acordo com informações da agência russa Itar-Tass.

A OTAN esfriou a sua relação com a Rússia e a União Europeia ponderou aplicar sanções à Rússia, mas a dependência do petróleo e gás russo daquela Organização regional falou mais alto e as sanções foram “guardadas na gaveta”.

 O Ocidente precisa da Rússia e a Rússia do Ocidente. Os russos querem integrar-se cada vez mais no sistema económico mundial e serem levados a sério no cenário diplomático, e o Ocidente precisa do apoio da Rússia nas delicadas negociações com o Irão e a Coreia do Norte, por exemplo, sem esquecer a cooperação económica que gera benefícios para ambas as partes. Os países ocidentais terão que admitir que a Rússia tinha um bom argumento. Precisam explicar porque ajudaram o Kosovo a se separar da Sérvia, mas questionaram o direito da Rússia de apoiar a Ossétia do Sul.

De resto, apesar das declarações da candidata a vice-presidente norte-americana pelo partido republicano, Sara Palin, de não descartar uma guerra com a Rússia por causa da Geórgia[19] – o que contraria a sua afirmação em se considerar "pronta para ser presidente" – a própria Rússia já descartou a hipótese de uma guerra com os Estados Unidos, na pessoa do seu vice-ministro dos Negócios Estrangeiros, Alexander Iakovenko: “A possibilidade de uma eventual guerra entre os EUA e a Rússia está descartada. A Rússia afasta, desta maneira, qualquer acção militar no Cáucaso, depois das garantias dadas pela União Europeia[20].

As garantias dadas pela UE consubstanciam-se no envio de 200 observadores à Geórgia até primeiro de Outubro para fazer cumprir o plano de paz concluído depois do conflito, e inclui garantias escritas de segurança: a França, que preside àquela Organização continental, entregou ao Kremlin uma carta neste sentido do presidente da Geórgia, Mikhail Saakashvili.

Com o passar do tempo, as tensões entre ambos os lados esfriarão e muito provavelmente a OTAN e a Rússia reatarão as suas relações, até porque é do interesse de ambas as partes.

O verdadeiro perdedor nesta epopeia foi sem dúvida a Geórgia e o seu presidente, Saakashvili, que ousou desafiar uma potência outrora adormecida, que já acordou (e pagou caro por isso), e a Rússia sai claramente a vencer, reafirmando o seu papel de protagonista nos mais candentes assuntos da agenda internacional.

Com este conflito a Rússia acaba de (re)marcar o seu posicionamento na arena internacional e termina com dezassete anos de Uni-multipolaridade dos Estados Unidos – que não trouxeram vantagens nenhuma ao mundo – O planeta volta à Bipolaridade, ou, pelo menos, passa a existir uma Multipolaridade na definição dos destinos do sistema internacional: As coisas daqui para a frente não serão mais as mesmas no que diz respeito à abordagem e tratamento das grandes questões mundiais.

A nova postura da Rússia é aplaudida tanto nas conversas de café como nos grandes círculos da política internacional, portanto, o mundo ganha com a actual postura da Rússia, a partir do qual as grandes questões mundiais poderão ser discutidas sem dissuasões económicas ou militares de uma única Super potência mundial, os Estados Unidos da América.

BIBLIOGRAFIA
- SOBRAL, João – “A GEÓRGIA E O COMPLEXO CONTEXTO DO CÁUCASO”, Centro de Investigação e Análise em Relações Internacionais (CIARI);
- MACHADO, F. Falcão – “VENTOS PERIGOSOS DO CÁUCASO”, Correio da manha;
- CONFLITO NA OSSÉTIA DO SUL EXPÕE JOGO DE PODER ENTRE RÚSSIA E GEÓRGIA, BBC;
- ,  LIÇÕES DO CONFLITO NA OSSÉTIA”, BBC;
- , RÚSSIA VÊ VITÓRIA NO ENFRAQUECIMENTO DA GEÓRGIA”, BBC;     
- SIMÕES, Rogério –“RÚSSIA, GEÓRGIA, ESTADO E NAÇÃO, BBC;
- QUEM GANHA E QUEM PERDE NA GEÓRGIA, BBC;

- PEREIRA, Armando Esteves – “A NOVA GUERRA FRIA “, Correio da manha;

- TROCA DE ACUSAÇÕES ESCONDE CAUSA DE CONFLITO NO CÁUCASO”, BBC;

- ,  CRIMÉIA PODE SER TESTE PARA INTENÇÕES RUSSAS”, BBC;
- MATOS, Altino –“A NOVA ATITUDE INTERNACIONAL DA RÚSSIA”, Jornal de Angola;
- Consultar o site oficial da BBC, www.bbc.co.uk/portuguese;
- Consultar o site oficial da Folha, www.folha.com.br;
- Consultar o site oficial do Correio da manha, www.correiodamanha,pt;
- Consultar o Jornal de Angola de 19 de Setembro de 2008, pág. 7, e de 20 de Setembro do mesmo ano, pág. 8;
- Consultar a Carta das Nações Unidas, 1945, artigos 1º e 2º;


Luanda, aos 16 de Março de 2008




[1] Sobral, João, “A Geórgia e o complexo contexto do Cáucaso”, pp. 162
[2] idem
[3] Idem, pp. 172
[4] bbc.co.uk/portuguese, Geórgia acusa Rússia de invadir seu território, 08/08/2008
[5] bbc.co.uk/portuguese, Rússia e Geórgia se acusam por 'crimes' em conflito,09/08/2008


[6] Reynolds, Paul, Lições do conflito na Ossétia, bbc.co.uk/portuguese, 11/08/2008
[7] Idem
[8] Ibidem
[9] Rodgers, James, Rússia vê vitória no enfraquecimento da Geórgia, bbc.co.uk/portuguese, 12/08/2008
[10] Idem
[11] Simões, Rogério, Rússia, Geórgia, Estado e nação, bbc.co.uk/portuguese, 12/08/2008

[12] Pereira, Armando Esteves, A nova Guerra Fria, correiodamanha.pt, 16/08/08
[13] Reynolds, Paul, Criméia pode ser teste para intenções russas,bbc.co.uk/portuguese,27/08/08
[14] Idem
[15] Ibidem
[16] Reynolds,Paul, Quem ganha e quem perde na Geórgia,bbc.co.uk/portuguese,14/08/08

[17] BBC.co.uk/portuguese, Presidente russo expõe princípios de nova política externa, 01/09/2008
[18] bbc.co.uk/portuguese, Presidente russo expõe princípios de nova política externa, 01/09/2008
[19] Murta, Andrea, Na primeira entrevista, Palin defende força contra Rússia, folha.com.br

[20] Jornal de Angola, Rússia descarta hipótese de guerra com os Estados Unidos da América, 20/09/2008

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